Pré-Reforma:
O reinício de uma Igreja Espiritual, e o abandono de uma Igreja Estatal.
Jerônimo de Savanarola, o Profeta Hebreu da Pré-Reforma e William Tyndale: o Contrabandista de Deus.
“Senhor abre os olhos da Igreja Contemporânea”
Parte III.
Resumo: o dois último biografados da série. Segue a mesma linha dos demais. Tremeram o seu tempo, os lugares onde estiveram. Deixaram: um rastro de glória, de bom testemunho, de amor a palavra e de ensino onde pisaram, os homens que tiveram contato com estes dois Revolucionários jamais foram os mesmos.
Summary: The last two biographies of the series. It follows the same line as the others. They trembled their time, the places where they were. They left: a trail of glory, of good testimony, of love of speech and of teaching where they stepped, the men who had contact with these two Revolutionaries were never the same.
Para falarmos de Jerônimo e Tyndale, antes, quero nos localizarmos, que já estamos no século XV. Estes personagens de Pré-Reforma fecham os ciclos dos mais importantes com Wycliffe e Huss. Entretanto, houveram muitos Pré-Reformadores que se sabe pouco ou nunca estiveram em lista alguma quando se trata de Pré-Reforma, pois, o próprio Jerônimo dentre esse grupo não se tem tanto conteúdo, mas, foi importante como os outros. O século XVI já não tinha mais como esconder a Renascença já era um fenômeno como tradicionalmente acontecia. Os Movimentos Intelectuais e Artísticos eram adventos das Universidades, e depois como num rastro de pólvora se alastrava pelo Mundo Europeu.
Segundo Humberto Padovani e Luís Castagnola, “o grandioso edifício ideal da Idade Média, em que religião e civilização, teologia e filosofia, Igreja e Estado, clero e Laicado, estavam harmonizados na transcendente unidade cristã, foi, de fato, destruído pelo humanismo imanentista, que constitui o espírito característico moderno” (PADOVANI e CASTAGNOLA, 1981, 257 p.). O que começa a ser importante não é mais o que é espiritual, e sim, o que é terreno. Isso a começar dentro da Igreja, pois, é justamente essa acusação dos Pré-Reformadores em relação e Liderança da Igreja como um todo. O Mundo Renascentista Moderno não é mais Teocêntrico, e sim, é Antropocêntrico. Não se tem como precisar todos os motivos para o nascimento da modernidade, mas, tais motivos são: “o panteísmo neoplatônico, o aristotelismo averroísta, e o nominalismo ocamista (...), a decadência da escolástica, a decadência da Igreja e do Papado e o Cisma do Ocidente” (PADOVANI e CASTAGNOLA, 1981, 257 p.).
Antes de falar dos biografados do artigo, quero deixa bem separado duas coisas importantes: “costuma-se comumente distinguir entre humanismo (século XV) e Renascença (século XVI), considerando o primeiro sobretudo como um movimento literário, e o segundo como um movimento mais vasto, cultural e filosófico. Nós empregamos de preferência o termo Renascença, como expressão mais plena do movimento da época no qual o pensamento é mais importante” (PADOVANI e CASTAGNOLA, 1981, 261 p.). Uma das dos destaques do Humanismo e da Renascença é: “uma alma pagã” (PADOVANI e CASTAGNOLA, 1981, 262 p.). Para dar uma forcinha a mais ao contexto, é no século XV que nasce a Imprensa de Gutenberg, na Alemanha, em 1440.
Jerônimo Savonarola ou Girolamo Savonarola. Para a Revista Defesa da Fé este seria uma Avivalista Medieval. “Seis sermões eram contra a sensualidade e o pecado da cidade e os vícios do papa. A cidade penitenciou-se e se reformou, mas, Papa Alexandre VI procurou, de todos os modos, silenciar o virtuoso pregador, mas, em vão” (DEFESA DA FÉ, 2002, 31 p.). Ele não merece destaque, um Ítalo-Florentino da Corte dos Médici[1], “pregava como um Profeta Hebreu, para vastas multidões que enchiam sua Catedral” (DEFESA DA FÉ, 2002, 31 p.). As coisas já eram tão medievais na Itália. “No final do século XV, o Renascimento desabrochava em Florença. O governador daquela república, Lorenzo de Mediei, um tirano, tornara-se patrono das artes e trouxera muitos grandes homens para elevar a cultura de sua cidade” (CURTIS, 2003, 91 p.). Então, ao mesmo tempo, era o Céu para as artes. O Céu da Corte dos Médicis, também habitava: “a corrupção e a ganância. O governo Medici levara a cidade à vida centrada em si mesma e em volta de sua riqueza. A igreja também sofreu essa influência, de modo que o voto de pobreza tinha pouco significado nos mosteiros florentinos” (CURTIS, 2003, 91 p.).
Segundo A. Kenneth Curtis, Jerônimo era zeloso, rígido mais dócil. O maior dos Monges Dominicanos do seu tempo. Um pregador como poucos que falava verdade, mas, diante do Laicado não tinha inimigos. “Embora ele falasse de maneira dura contra o pecado, profetizando a queda dessa cidade que se dizia cristã, mas que se importava apenas com sua pompa, o monge caiu nas graças dos florentinos. Multidões se formavam para ouvir suas palavras” (CURTIS, 2003, 91 p.). O colapso da Confiança do povo florentino com a Corte do Médicis, depois, de um ataque francês. Foi o povo que socorreu a Corte, e venceu os Franceses através de uma Revolta Popular. “Savonarola tornou-se o novo governante, e uma maravilhosa mudança aconteceu naquela localidade. As pessoas abandonaram os sinais de seu estilo de vida frivolo, incluindo suas roupas finas e o jogo. Banqueiros e comerciantes devolveram o que haviam tirado das pessoas de maneira ilícita. Homens de boas famílias tornaram-se monges” (CURTIS, 2003, 91 p.). Por isso, Jerônimo Savonarola é conhecido como um agitador clérico que se pôs a denunciar os abusos de Corte dos Médicis, segundo Vicente Temudo Lessa.
Savanarola não correu risco, enquanto, não apontou os pecados do Papado, pois, depois, disso nada mais ficou de pé diante dele. “O papa Alexandre VI, de forma escandalosa e infame, era pai de um grande número de filhos ilegítimos. Em 1495, cansado dos ataques de Savonarola, o papa ordenou que o dominicano parasse com suas pregações. Savonarola obedeceu e passou a se dedicar ao estudo” (CURTIS, 2003, 91 p.). Cerca de um ano depois, o mesmo Papa, o liberou da disciplina. Ele voltou a pregações ao Papado novamente. “Em 1497, o papa excomungou Savonarola, mas o povo de Florença apoiou o monge. Um ano depois, o papa ameaçou a cidade com o interdito, a não ser que ela lhe enviasse Savonarola. Apesar dos apelos de Savonarola a vários líderes de outras nações, pedindo que convocassem um concilio para depor o papa, nada aconteceu” (CURTIS, 2003, 91 p.).
Os Florentinos da época de Savonarola não tiveram uma real; profunda e completa conversão, pois, a sua queda foi muito devido, a pressão do Papado e a falta um novo líder que se colocasse contra o Papado. O medo acabou tomando conta e os fizeram retroceder com a sua fé. Eles traíram Savonarola. “O governo da cidade caiu nas mãos de um partido hostil e eles entregaram Savonarola a dois embaixadores do papa, que tinham instruções para certificar se de que o monge rebelde seria executado. Savonarola e dois de seus seguidores foram queimados na grande praça da cidade” (CURTIS, 2003, 91 p.). Savonarola era comum aos Pré-Reformistas, almejavam uma Igreja genuinamente Cristã Católica. “Contudo, como muitos antes dele, Savonarola tinha o grande desejo de ver as pessoas vivendo da maneira como os que Cristo chamara deviam viver. A sociedade mundana e rica à qual ele se opôs não podia tolerar sua condenação” (CURTIS, 2003, 91 p.). Segundo a Revista Defesa da Fé, assim foi a execução de Savonarola: “foi enforcado e queimado na grande praça de Florença. Isso aconteceu dezenove anos antes das 95 teses de Lutero. Esse homem de Deus nos ensinou o que é fervor verdadeiro diante de uma Sociedade corrompida!” (DEFESA DA FÉ, 2002, 31 p.). Em 1498, a Igreja perdeu um dos seus maiores profetas, o Profeta Hebreu Jerônimo Savonarola.
William Tyndale. Não era homem comum no nível de disposição com a Palavra de Deus. Inexplicavelmente, veio de um lugar que virou moda ser mártir. Ele tanto sucedeu, como foi um divisor, e um arauto dos mártires que se seguiram. Popularmente, conhecido como, o Contrabandista de Deus ou o Fora de Lei de Deus. Segundo a Revista Defesa da Fé, “nascido em 1494, na parte oeste da Inglaterra, Tyndale graduou-se na Universidade de Oxford em 1515, onde estudou as Escrituras no hebraico e grego” (DEFESA DE FÉ, 2002, 32 p.).
No século XV já haviam acontecido coisas de suma importância quando Tyndale nasceu: a condenação de John Huss em 1415; a Impressão de primeira Bíblia por John Gutenberg; o início de Inquisição Espanhola em 1478 e em 1498, a execução de Savanarola, Tyndale estava como quatro anos de idade. Tyndale “aos trinta anos fez uma promessa que haveria de traduzir a Bíblia para o inglês para que todo o povo, desde o camponês até a corte real, pudesse ler e compreender as Escrituras em sua própria língua. Isso porque a Igreja Católica proibia severamente qualquer pessoa leiga de ler a Bíblia” (DEFESA DE FÉ, 2002, 32 p.).
Tyndale é desses homens que Deus fez, e depois, jogou a forma fora “um ministro fiel de Cristo, nasceu no País de Gales e foi criado desde pequeno na Universidade de Oxford. Lá depois, de um longo processo, ele escreveu tanto no conhecimento de línguas e outras artes liberais quanto sobretudo no conhecimento das Escrituras, às quais sua mente se dedicava de maneira singular” (FOXE, 2005, 123 p.). Enquanto morava na Faculdade de Magdalen, ele era tutor particular de colegas de classe de Teologia. Demonstra a admiração em relação ao seu caráter a conhecimento bíblico. “Seu comportamento e conversa correspondiam a seus ensinamentos de tal forma que ele tinha fama de ser um homem extremamente virtuoso e de vida ilibada” (FOXE, 2005, 123-24 p.). O próprio Mundo Acadêmico de Oxford já não tinha mais como conter a genialidade de William Tyndale. Foi transferido para Cambridge. Mas, lá não fica muito tempo seguiu a procura do Mestre Welch, “um fidalgo de Gloucertershire, e empregou-se como preceptor de seus filhos dele, conseguindo logo as boas graças do patrão” (FOXE, 2005, 124 p.). Na casa do Mestre Welch freqüentavam grandes intelectuais da época como: “abades, deãos, arcediagos, juntamente como vários doutores e detentores de grandes benefícios” (FOXE, 2005, 124 p.). Eram assuntos eruditos discutidos por eruditos.
Nesse contexto entre William Tyndale, que nunca deixou de lhes mostrar a sua Teologia Bíblica, como todo Mestre nunca perdeu uma oportunidade sequer para ensinar e Palavra de Deus. “Quando eles, eventualmente, divergiam das opiniões de Tyndale, ele mostrava-lhes no texto escrito e com clareza apresentava as passagens evidentes das Escrituras, refutando os erros deles e confirmando as suas palavras” (FOXE, 2005, 124 p.). Isso aconteceu segundo o tempo em que Deus permitiu, pois, nesse meio ele teve algumas inimizades que vieram à tona. “Logo, em seguida aconteceu que alguns desses grandes doutores convidaram Mestre Welch e sua esposa para um banquete. Lá conversaram À vontade, dando voz à sua cegueira e ignorância, sem nenhuma resistência ou voz contrária” (FOXE, 2005, 125 p.).
Dessarte, esses mesmos Doutores já não freqüentavam mais a casa do Mestre Welch, com alegria, pois, a presença de Tyndale os deixavam encabulados. “À medida que isso foi crescendo, os padres da região reuniram e começaram a dar vozão seu ressentimento contra Tyndale, atacando-o nas cervejarias e outros lugares, afirmando que as sua palavras dele eram heréticas” (FOXE, 2005, 125 p.). Esse movimento contra Tyndale e sua Teologia Revolucionária para a época lhe custou caro. “Em segredo, acusaram-no perante o chanceler e outros oficiais do bispo” (FOXE, 2005, 125 p.). Não muito tempo depois, o Chanceler do Bispo convoca uma Reunião com os Padres locais e Tyndale, este desconfiado começou a orar de Deus para que tivesse “firmeza na verdade da Sua Palavra” (FOXE, 2005, 125 p.). O Chanceler o tratou como um cão sarnento, e Tyndale retorna a casa do Mestre Welch. Mas, a fama Tyndale começou a se alastrar como fogo, assim, chega até um Ex-Chanceler do Bispo, um conhecido de Tyndale. Entre uma conversa e outra, seguiram as seguintes palavras de Tyndale: “você sabia que o Papa é o próprio Anticristo de quem fala as Escrituras?” (FOXE, 2005, 126 p.). A reposta do doutor: “mas, cuidado com o que você diz. Pois, se perceberem que você tem formada esta opinião, o fato vai lhe custar à vida” (FOXE, 2005, 126 p.).
O Movimento dos Padres contra Tyndale tomou mais força e amplitude. “Eles não paravam de ladrar e ralhar fazendo-lhes graves acusações e taxando-o de herege” (FOXE, 2005, 126 p.). “Diante de tantos ataques e aborrecimentos, ele sentiu-se obrigado a deixar aquela região e procurar outras paragens. Foi então falar com Mestre Welch e, por iniciativa própria, pediu-lhes permissão para ir embora” (FOXE, 2005, 126 p.). O Mestre Tyndale segue em direção a Londres. Nunca deixou o seu real propósito colocar a Bíblia no Inglês da época. A Igreja Católica jamais permitiria algo desse gênero sem a sua jurisdição. “Segundo o clero, o povo simples não podia compreender as Sagradas Letras, por isso precisava de sua ajuda. A interpretação era feita segundo a sua conveniência, e para fins políticos e financeiros” (DEFESA DA FÉ, 2002, 32 p.). Logo, o ano de 1523 foi um divisor de águas, pois, a ideia de traduzir a Bíblia, ele seguiu para Londres.
Já em Londres procurou, o Bispo Cuthbert Tonstal, recomendado por Erasmo de Roterdã, devido, a sua erudição plena. Tyndale precisava trabalhar. Todavia, mesmo com uma carta escrita por Tyndale ao mordomo Sir Henry Guilford, esta carta chegou às mãos de William Hebilthwait, um dos servos dos Bispos. O Bispo de Londres nunca viu sua face, não quis arriscar a sua cabaça dando proteção, a um simples Teólogo chamado William Tyndale. Essa foi a resposta educada do Bispo: “Sua casa estava muito cheia; tinha mais gente a seu serviço do que julgava conveniente. Aconselhou-o a procurar em outras partes de Londres, onde, disse ele, não lhe haveria de faltar trabalho” (FOXE, 2005, 127 p.).
Isso não impediu, somente, Deus o redirecionou. Foi recebido prontamente por um Comerciante de tecido, e político chamado de Humphrey Munmouth (Mummuth) e outros homens de distintas classes lhe deram uma ajuda financeira, ele descreveu a sua vida da seguinte maneira: “a vida de um bom Sacerdote, estudando dia e noite. Por decisão própria, ingeria apenas carne ensopada e não bebia mais que uma cerveja pequena. Nunca foi visto vestindo roupas delicadas durante todo o tempo em que ficou naquela casa” (FOXE, 2005, 127 p.). No ano seguinte, em 1524, “Tyndale foi obrigado a deixar a Inglaterra e partir para a Alemanha para dar Continuidade ao seu trabalho. Essa mudança deveu-se às grandes perseguições que sofrera por parte da Igreja Católica” (DEFESA DA FÉ, 2002, 32 p.).
Na Alemanha, em Hamburgo, “onde, inflamado de carinho e zelo pelo país, não recusou nenhum trabalho ou esforço para, de todas as maneiras possíveis, conduzir os seus irmãos e compatriotas da Inglaterra ao mesmo gosto e entendimento da Palavra de Deus e da verdade com que o Senhor o revestira a ele” (FOXE, 2005, 127-128 p.). A conclusão de Tyndale e John Frith era: “traduzir as escrituras para linguagem vulgar, a fim de que o pobre povo pudesse ler e ver a pura e simples Palavra de Deus” (FOXE, 2005, 128 p.). Eles prezavam por traduzir a Bíblia para a língua mãe dos ingleses, assim veriam o texto por dentro. “Caso contrário, qualquer verdade que se lhes ensinasse, os inimigos da Verdade a apagariam seja com seus raciocínios sofistas e tradições por eles criadas sem fundamento algum nas Escrituras” (FOXE, 2005, 128 p.).
Para o Mestre Tyndale o câncer da Igreja Inglesa era a ausência da Bíblia. As Sagradas escrituras estavam longe dos olhos do povo. “Os atos abomináveis e as idolatrias fomentadas pelo clero farisaico não podiam ser detectadas; portanto, todo o trabalho e esforço era para ocultar a Bíblia, a fim de que não fosse lida” (FOXE, 2005, 128 p.). A Igreja Moderna não tem a noção do que é isso devido, a acessibilidade a palavra é só pesquisar, coisa já não a fazem com frequência. Na época o Papado: “distorcendo a Escritura para os seus objetivos, contrários ao sentido do texto, eles de tal foram confundiam o povo leigo e iletrado que você sentia no seu coração e tinha certeza de que tudo o que diziam era falso; e mesmo assim você não conseguia resolver as sutilezas de seus enigmas” (FOXE, 2005, 128 p.). É por essa e outras questões que Tyndale e John Frith e começaram e traduzir e Bíblia com base no Manuscrito Grego, que foi organizado por Erasmo de Roterdã por volta de 1516.
No ano de 1525, Tyndale conseguiu traduzir completamente o Novo Testamento de Erasmo de Roterdã. “Quinze mil cópias em seis edições foram impressas pela proteção de Thomas Cromwell, vice-regente do rei Henrique VIII, e contrabandeadas por comerciantes para a Inglaterra entre 1529 e 1530” (DEFESA DA FÉ, 2002, 32 p.). (DEFESA DA FÉ, 2002, 32 p.). Segundo John Foxe, “o Novo Testamento, foi impresso e publicado por volta de 1529 d. C.” (FOXE, 2005, 128 p.). As Autoridades como Sir Thomas More e o Bispo de Londres Cuthbert Tonstal fizeram como podiam para destruir as traduções, elas eram errôneas e falsas. “Porém, eles não podiam conter o fluxo da entrada de Bíblias vindas da Alemanha para Inglaterra. Até mesmo da Escócia, mercadores escoceses estavam levando a Bíblia para o seu povo” (DEFESA DA FÉ, 2002, 32 p.).
Um dos Comerciantes de Tecidos que eram coberturas de Deus, para o Contrabandista de Deus o Senhor Augustine Packington, encontrava-se na Antuérpia, quando teve contato como o Bispo de Londres Cuthbert Tonstal. “Esse homem protegia Tyndale, mas ao Bispo deu a entender ao contrário” (FOXE, 2005, 129 p.). O plano do Bispo era: comprar o máximo de exemplares do Novo de Testamento de Tyndale, e Packington ficou de consegui-lo. Logo, ficou como dinheiro que o Papa o entregou para comprar os livros (Bíblias). “E assim, por um acordo feito entre eles, o Bispo de Londres ficou com os livros, Packington com os agradecimentos e Tyndale com o dinheiro” (FOXE, 2005, 129 p.). Depois, disso Tyndale faz novas correções no Novo Testamento e “mandou fazer novas impressões, de modo que chegaram à Inglaterra exemplares em número triplicado” (FOXE, 2005, 129 p.). O novo encontro com o Bispo de Londres Cuthbert Tonstal, Packington disse que a solução seria comprar as Tipografias e Impressoras.
Não demorou para George Constantine, ser preso por Sir Thomas More, “então Chanceler da Inglaterra, sob suspeita de certas heresias” (FOXE, 2005, 130 p.). Por ser amigo de Tyndale e Joye, chegou até ser interrogado. Agora, o Mestre William Tyndale foca em traduzir o Velho Testamento. “Ao deixar o reino da Inglaterra, Tyndale foi o primeiro para a Alemanha, onde consultou Lutero e outros eruditos. Depois de um certo tempo por lá, desceu para a Holanda e morou sobretudo na cidade da Antuérpia” (FOXE, 2005, 130 p.). Contudo, não só a tradução do Novo Testamento, mas, outras obras Tyndale começam a se popularizar e a chegar nas mãos de pessoas que queriam saber como agradar à Deus – os piedosos. “Mas, os ímpios (...) começaram a se mexer com muito barulho” (FOXE, 2005, 130 p.). Após terminar Deuteronômio toma rumo em direção à Holanda, onde naufragou, mas, nada disso o impede o seu trabalho, apenas foi um novo recomeço. “Tomou ou navio para Hamburgo onde, a seu pedido, Mestre Corverdale estava à espera e o ajudou a traduzir por inteiro os cinco livros de Moisés, trabalhando da Páscoa até Dezembro na casa de uma venerável viúva, a Sra. Margaret Van Emerson, no ano de 1529 d. C.” (FOXE, 2005, 131 p.). Todavia, não tardou em retornar a Antuérpia. Enquanto, o Clero o chamava de herege, Tyndale deixou a seguinte ressalva no final da tradução do Novo Testamento: “uma carta na qual expressava seu desejo de que os eruditos fizessem correções, se encontrassem algo de errado” (FOXE, 2005, 131 p.).
Na Corte Inglesa haviam três pólos distintos. O primeiro são os Revolucionários, simplesmente, para eles “era possível traduzir as Escrituras para o inglês” (FOXE, 2005, 131 p.). O segundo são os Conservadores não Ortodoxos para eles “não legítimo que o povo lesse na sua língua materna” (FOXE, 2005, 131 p.). O terceiro são os Ultra-Ortodoxos para eles “transformaria a todos em hereges (...) o texto traduzido faria o povo rebelar-se contra o rei” (FOXE, 2005, 131 p.). O prólogo do livro de Moises, que Tyndale traduziu ele deixou bem claro o seu caráter na tentativa de não denegrir a Palavra de Deus, e sim, de popularizá-la de uma maneira que as pessoas entendem. Mas, os ardis dos Sacerdotes Ingleses de manipulação segundo a ignorância eram tão grandes que, “destinados a afastar as pessoas do conhecimento da Escritura, que eles mesmos não queriam traduzir nem aceitavam que outros o fizessem” (FOXE, 2005, 131 p.). O próprio registrou a seguinte frase: “sua intenção era a de manter o mundo nas trevas para poder dominar as consciências do povo pela vã superstição e a falsa doutrina, para satisfazer a sua combinação e cobiça insaciável, e para exaltar a própria honra acima do Rei e do Imperador” (TYNDALE apud FOXE, 2005, 131-32 p.).
O Movimento Ultra-Ortodoxo era liderado, principalmente, pelo Bispo de Londres Cuthbert Tonstal, e o Thomas More “não tiveram descanso algum até conseguirem o apoio do rei à sua causa. Assim, providenciou-se uma proclamação pública apressada, expedida sob os auspícios da autoridade pública, determinando que o Novo Testamento da tradução de Tyndale era proibido. O Fato aconteceu em 1537 d. C.” (FOXE, 2005, 132 p.). Esse mesmo movimento começou a se posicionar estrategicamente, e pesquisar vida Tyndale na Antuérpia. Fuçaram cada passo dele. Tyndale, ainda na Holanda, na Antuérpia residiu cerca de um ano na casa de um Comerciante chamado Thomas Pointz, que era dono de Tabernas de Ingleses, “lá encontrou-se com Henry Philips, um cidadão procedente da Inglaterra, cujo pai era freguês de Poole. Henry Philips era um sujeito elegante, como se fosse um fidalgo, e tinha consigo um servo. Mas, ninguém sabia de onde ele vinha ou por que razões lá se encontrava” (FOXE, 2005, 132 p.).
Era comum o Mestre William Tyndale comer nas casas de Comerciantes eram os seus melhores amigos. “Foi assim que conheceu Henry Philips e, num curto espaço de tempo, passou a depositar nele muita confiança. Trouxe-o para a residência na casa de Thomas Pointz” (FOXE, 2005, 132 p.). Tyndale lhe abriu a casa e o coração, todavia, Thomas Pointz nunca confiou plenamente em Henry Philips, então foi questionar a Tyndale onde o conheceu. “Mestre Tyndale respondeu que se tratava de um homem honesto, elegante e erudito, que levava uma vida muito decente. Diante de toda essa aprovação ele se calou” (FOXE, 2005, 133 p.).
Henry Philips em suas conversas fazia questão de ressaltar que era riquíssimo. “Philips partiu de Antuérpia para o tribunal de Bruxelas, que fica a uma distância de vinte quatro milhas inglesas (cerca de 39 km). De lá voltou trazendo o Procurador Geral, que é o advogado do Imperador, e mais alguns oficiais” (FOXE, 2005, 133 p.). Alguns dias depois Thomas Pointz se retirar para Barrois para fazer negócios, e durante sua ausência Henry Philips retorna com todo o seu aparto de cobertura real com guarda e Procurador Real. Assim, com armadilha de convidá-lo para um almoço Tyndale foi preso. Quando retornou de sua viagem de negócios Thomas Pointz fez de tudo para salvar a vida de Tyndale, até tentou audiência com o Lorde Cromwell. “Imediatamente após a prisão, graças à cooperação dos mercadores ingleses, cartas foram enviadas ao tribunal de Bruxelas em defesa de Tyndale” (FOXE, 2005, 134 p.). Ficou cerca de 12 meses no Castelo de Filford, na Antuérpia antes de se seguir sua excussão.
Tyndale traduziu do Antigo Testamento: Jonas; Livros Históricos e o Pentateuco. A completude dessa obra coube ao Mestre Miles Coverdale; John Frith e seus companheiros. Sua vida foi tão inspiradora que “durante o tempo de seu encarceramento ele converteu, segundo dizem, seu guarda, a filha do guarda e outros membros da mesma família” (FOXE, 2005, 136 p.). Foi executado William Tyndale, no dia 06 de outubro de 1536 d. C., e ainda passou por dois processos sendo enforcado, e em seguida queimado. “O ato ocorreu em praça pública” (DEFESA DE FÉ, 2002, 32 p.). Segundo John Foxe, as últimas Palavras foram: “Senhor abre os olhos do Rei da Inglaterra” (TYNDALE apud FOXE, 2005, 136 p.). Em suma, eu quero reescrever essa frase dizendo: “Senhor, abre os olhos da Igreja Contemporânea”.
Referências:
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação de da Pedagogia: geral e do Brasil. 3ª Ed. Ver e ampli. São Paulo. Moderna, 2006.
CAMBI, Franco. História da Pedagogia. Tradução: Álvaro Lorencini. São Paulo. Fundação Editora da UNESP (FEU), 1999.
DE MELO, Vitor Reis e QUEIROZ, Renato Siqueira. Intelectuais da Igreja na Baixa Idade Média: nas Universidades in: Revista Acadêmica On Line: Ano 01 – n º 08.
FOXE, John. O Livro dos Mártires. Tradução: Almir Pizetta. – São Paulo. Editora Mundo Cristão, 2005. 354 p.
HEYWWOD, Andrew. Ideologias Políticas, [v.1]: do Liberalismo ao Fascismo. Tradução: Janaína Marco Antonio, Mariane Janikian. 1ª Ed. 1ª impressão. São Paulo: Ática, 2010. 256 p.
LESSA, Vicente Temudo. Calvino 1509-1564. Sua Vida e sua obra. São Paulo. Editora: Casa Presbiteriana, 280 p.
MEDINA, Sinval Freitas. Enciclopédia do Curso Secundário. Dicionário de História da Civilização. Organizadores: Álvaro Magalhães e Sinval Freitas, e a colaboração de Aldomera Freitas Medina. Edição 1ª. Porto Alegre: Editora: Globo Porto Alegre, 1972.
PADOVANI, Umberto e CASTAGNOLA, Luís. História da Filosofia. 13ª edição. Editores Melhoramentos, 1981. 587 p.
“Os esforços e sofrimentos dos Pré-Reformadores” in: Revista Defesa da Fé. (Revista de Apologética do Instituto Cristão de Pesquisa). Ano 07 – nº 51, 66 p.
“Savonarola é executado” in: Os 100 acontecimentos mais importantes da história do cristianismo: do incêndio de Roma ao crescimento da Igreja na China / A. Kenneth Curtis, J. Stephen Lang e Randy Petersen ; tradução Emirson Justino — São Paulo: Editora Vida, 2003. 205 p.
[1] Sinval Freitas Medina: “Família Italiana que atingiu o poder em Florença e tornou-se célebre pela proteção que deu às Letras e às Artes. São seus membros mais importantes: Silvestre de Médicis, rico banqueiro que assumiu o poder supremo de Florença em 1378, conseguindo acabar com as dissenções havidas entre os partidos rivais Guelfos e Gibelinos; João (1360-429) foi o consolidador da Fortuna dos Médicis. Nomeado Gonfaloneiro em 1421, submeteu Pisa, comprou Livorno dos genoveses e estendeu o domínio de Florença sobre grande parte da Toscana. Deixou dois filhos: Cosme e Lourenço. Cosme, o Velho (1389-464), O cognominado o Pai da Pátria, exerceu em Florença uma verdadeira Ditadura. Tornou-se célebre pela proteção às Letras e às Artes. Lourenço, o Magnífico (1449-492), era neto de Cosme, o Velho. Sustentou uma guerra contra Nápoles e Roma, sendo excomungado pelo Papa Xisto IV. Reconciliou-se mais tarde com o Papa, sob a intervenção de Fernando de Aragão (1480). Fundou a Universidade de Pisa, tendo contribuído notavelmente para o desenvolvimento das Artes em seu tempo. Seu Palácio era frequentado por artistas e intelectuais da época, como Picco Della Mirandola, Miguel Ângelo e outros. Deixou três filhos: João, Cardeal aos 14 anos, ascendeu ao Papado como Leão X; Pedro II, que foi deposto e expulso de Florença em 1494, por ter aceito para Florença as condições humilhantes impostas por Carlos VIII, da França, após a Guerra havida entre esse país e Florença: Juliano II, Banido de Florença com seu irmão, voltou em 1512, tornando-se logo Ditador. No fim do século XVI, Jerônimo de Savonarola, monge dominicano, insurgiu-se contra a prepotência dos Médicis, pregando a pureza dos costumes do clero e aspirando ver findas as lutas políticas na Itália. Foi condenado e morrer na fogueira como herege, pelo Papa Alexandre VI. Cosme I (1519-574) obteve do Papa Pio V o título de Grão-Duque da Toscana findando com ele a República Florentina” (MEDINA, 1972, 243-44 p.).