Afetividade: indispensável nas relações entre ensino e aprendizagem

Afetividade: indispensável nas relações entre ensino e aprendizagem

Afetividade: indispensável nas relações entre ensino e aprendizagem

 

Iniciando o diálogo

           

            A palavra afeto vem do latim affectu e constitui o elemento básico da efetividade, conjunto de fenômeno psíquicos que se manifesta sob forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação de agrado ou desagrado, da alegria ou tristeza conforme Ferreira (2001).

            Fernandéz (1991), Dantas (1992) e Snyders) vêm defendendo que o afeto é indispensável na atividade de ensinar, entendendo que as relações entre ensino e aprendizagem são movidas pelo desejo e pela paixão e que, portanto, é possível identificar e prever condições afetivas favoráveis que facilitam a aprendizagem.

            Segundo Pinheiro (1995) essas relações contribuem para a discussão da relevância da dimensão afetiva na constituição do sujeito e na construção do conhecimento. Entretanto, na maioria das vezes, o termo emoção encontra-se relacionado ao componente biológico do comportamento humano, referindo-se a uma agitação, uma reação de ordem física. Já a afetividade é utilizada com uma significação mais ampla, referindo-se às formas de expressão mais complexas e essencialmente humanas.

            Almeida (1999) destaca que “a afetividade e a inteligência, constituem um par inseparável na evolução, psíquica, pois ambas têm funções bem definidas e, quase integradas, que permitem o adolescente atingir níveis de evolução cada vez mais elevados”.Segundo Almeida (1999) embora a escola seja um local onde o compromisso maior que se estabelece é com o processo de transmissão-produção de conhecimento, pode-se afirmar que as relações afetivas se evidenciam, pois a transmissão do conhecimento implica, necessariamente, uma interação entre pessoas. Portanto, na relação professor-aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto está presente. Como também na adequação da tarefa à possibilidade do aluno, fornecendo meios para que ele realize a atividade confiando em sua capacidade, demonstrando atenção às suas dificuldades e problemas, são maneiras bastante refinadas de comunicação afetiva.

            Na educação podemos auxiliar na construção do potencial que cada educando possui, dentro das suas possibilidades e limitações. Porém, necessitamos utilizar a pedagogia da compreensão contra a pedagogia da intolerância, da autoridade, a do egocentrismo, do menosprezo aos menos inteligentes, dos menos capacitados, problemáticos (ALMEIDA, 1999).

            No entanto, percebe-se que a afetividade está presente em todas as principais decisões de ensino pelo educador, constituindo-se como fator essencial das relações que se estabelecem entre os alunos e os conteúdos escolares. A natureza da mediação, portanto, é um dos principais fatores determinantes da qualidade dos vínculos que se estabelecerão entre o sujeito e o objeto do conhecimento (ALMEIDA, 1999).

 

Discutido a problematização

 

            Segundo Seibert et al. (2006), a aprendizagem pode ser considerada como um processo evolutivo, a qual depende e muito do relacionamento que o aluno desenvolve com o aprender e com a figura do professor. Desse sentido, ensinar não se resume a uma tarefa objetiva e concreta, mas as implica em vivências e experiências de interações e trocas recíprocas entre aluno e professor.

            De acordo com Sukiennik (1996), os aspectos inconscientes afetivos interferem no desempenho escolar, podendo impedir o investimento pessoal na aprendizagem. Ademais torna-se crucial compreender a relação do aluno com seu professor, pois será dessa relação que o aluno construirá seu vínculo afetivo com a aprendizagem.

            Segundo Fialho (2001), a interação entre professor e aluno é fundamental no processo ensino-aprendizagem. E manter este clima afetivo é fundamental. O aluno se sentirá confiante e não temeroso diante o professor. O ensinar para o professor, não será mais um simples ensinar, mas envolve-se com o aluno, numa tarefa de ajudá-lo a melhor aprender.

            É necessário salientar que a maneira como o educador se relaciona no ambiente social em que vive e com o ambiente escolar em que trabalha influência na relação afetiva entre ele e o seu educando. Sendo necessário que o profissional conheça com clareza as diferenças que caracterizam sua atuação para que possa de forma positiva transmite ao aluno um eixo na sua formação.

Considerações finais

 

            O afeto e a prática da docência estão ligados por enorme importância no contexto escolar. Assim sendo, todos os professores necessitam encontrar maneiras ou atividades para conviver com o impasse, permitindo uma melhora no convívio escolar.

            É compromisso da escola assumir efetivamente, em união com os pais, a tarefa de proporcionar aos alunos oportunidades de crescimento com seres humanos. Assim, seu trabalho educacional é cuidar da formação, fazendo-os cumprir regras, impondo-lhes limites, e acima de tudo acreditando que os jovens têm capacidade de suportar frustrações.

 

 

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ALMEIDA, A.R.S. A emoção e o professor: um estudo a luz da teoria de Henri Wallon, Psicologia Teoria e Pesquisa, v.13, n 2, p. 239-249, mai/ago, 1997.

 

________________ A emoção na sala de aula. Campinas: Papirus, 1999.

 

 

CURY, A. J. Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Rio de Janeiro: Ed. Sextante, 2003.

 

DANTAS, H. Afetividade e a construção do sujeito na psicogenética de Wallon, em La Taille: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus Editorial Ltda, 1992.

 

FERNANDÉZ, A. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

 

FERREIRA, A.B.H. Mini Aurélio: O minidicionário da língua portuguesa. 4 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

 

FIALHO, F. Ciências da cognição. Florianópolis: Insular, 2001.

 

PINHEIRO, M.M. Emoções e afetividade no contexto da sala de aula: concepções de professores e direções para o ensino. Dissertação de Mestrado – Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 1995.

 

PINO, A. (MIMEO) Afetividade e vida de relação. Campinas, Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas.

 

SEIBERT, V.; NASCIMENTO, C.T.; VILANI, A.; SILVA, M.; BRANCHER, V. O vínculo afetivo com o processo de aprendizagem desenvolvido por crianças pertencentes ao ensino fundamental, tidas como “alunos-problema”. Universidade Federal de Santa Maria, 2006.

 

SNUDERS, G. Alunos felizes. São Paulo: Paz e Terra, 1993.

 

SUKIENNIK, P.B. O aluno problema – Transtornos emocionais das crianças e adolescentes. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1996.

 

VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.