A Comunicação nas Redes Sociais
Prof. Randes Enes
Os mesmos quesitos, que proporcionaram uma excelência na qualidade dos produtos, fizeram com que os consumidores expandissem seu grau de satisfação também para a qualidade na comunicação. No entanto, nos deparamos com muitas empresas brasileiras que não se preocupam em buscar esta repaginação da comunicação com o cliente. Entre muitas formas que destacaremos, existem as redes sociais de forma latente prontas para serem utilizadas para a evolução deste processo.
Segundo Qualman (2009, p.),
temos mundialmente 60 milhões de status atualizados diariamente no Facebook; com isso, nós não procuramos mais as notícias, as notícias nos encontram e no futuro próximo nós não vamos mais procurar por produtos e serviços, eles vão nos encontrar através da mídia social e contínua, nós não temos a escolha se devemos usar mídia social, a questão é a forma como vamos usá-la.
Estudos realizados pela Socialnomics, sobre as plataformas de comunicação, revelam uma pesquisa surpreendente, cujo resultado apresentamos a seguir:
· 78% dos consumidores confiam nas recomendações de seus pares.
· Somente 14% confiam em anúncios.
· Somente 18% das campanhas de TV tradicionais geram Return on Investment (ROI) positivo.
· O ROI da Mídia Social é: seu negócio ainda vai existir daqui a 5 anos.
Ressaltamos que a forma de comunicação virtual deve se integrar ao plano de comunicação da empresa.
Castells (2007), no que concerne ao significado das redes, ressalta que são instrumentos apropriados para a economia capitalista alicerçada na inovação, globalização e concentração descentralizada. Voltadas para o trabalho, trabalhadores e empresas proporcionam a flexibilidade e a adaptabilidade centradas numa cultura de desconstrução e reconstrução contínuas e uma política destinada ao processamento instantâneo de novos valores e humores públicos, fazendo com que a organização social vise à suplantação do espaço e à invalidação do tempo.
A tecnologia da informação invadiu o espaço da atividade de relações públicas e modificou a relação entre organizações e público. Surgiu o poder de comunicar: o que era antes restrito aos grandes grupos de mídia e aos conglomerados corporativos, hoje passa estar também nas mãos do público.
A sacerdotisa das redes sociais, Danah Boyd, em entrevista ao Jornal New York Times, afirmou que estamos vivendo a economia da atenção digital, exigindo das organizações diálogo, interação e criatividade e, da comunicação, mais relevância. Devido às redes sociais online, as marcas que aproveitarem esses espaços conseguirão gerar ressonâncias e lealdades duradouras. Conforme publicado no Journal of Computer-Mediated Communication (2008, p.), Boyd e Ellison definiram sites de redes sociais como:
serviços de web que permitem aos usuários: (1) construir um perfil público ou semi-público dentro de um sistema conectado; (2) articular uma lista de outros usuários com os quais eles compartilham uma conexão; e (3) ver e mover-se pela sua lista de conexões e pela dos outros usuários.
Lembramos que profissionais, pesquisadores e, sobretudo, pessoas comuns são adeptos da comunicação digital, utilizando Facebook, Linkedin, Twitter, Instagram, Foursquare, Flickr e outras mídias sociais que buscam se adaptar rapidamente a esses fenômenos que são, inclusive, citados como “revolucionários”. Esse reflexo surge também no cenário nacional, onde, a cada dia, registra mais adeptos às redes e às tecnologias de comunicação.
Perfil do consumidor brasileiro nas mídias sociais
A onda de conectividade aponta o brasileiro imerso nesse ambiente tecnológico, trocando muitas vezes o lazer ou momentos de relações pessoais por horas e horas diante do computador, interagindo com pessoas, produtos e empresas. Analisaremos, a seguir, quais são os desejos do consumidor virtual e como ele age diante de situações de relacionamento com a empresa, relatando suas experiências de compra.
Pesquisas realizadas pela Socialnomics demonstram alguns números interessantes no mundo e no Brasil apontando fatos e dados nas redes sociais. São eles:
Número de anos para atingir 50 milhões de usuários:
- Rádio: 38 anos.
- TV: 13 anos.
- Internet: 4 anos.
- iPod: 3 anos.
- Facebook: Adicionou mais de 200 milhões de usuários em menos de 1 ano - atualmente atingiu 1 bilhão de usuários.
- Download de aplicações para iPod atingiu 1 bilhão em 9 meses.
- Se o Facebook fosse um país seria o 3º. Maior: 1º. China. - 2º. Índia - 3º. Facebook - 4º. EUA - 5º. Indonésia - 6º. Brasil - 7º. Paquistão - 8º. Bangladesh
Outros dados recentes foram publicados em vários sites especializados sobre o perfil do brasileiro nas redes sociais, os quais nos mostram o grande potencial da comunicação virtual que poderá favorecer ou não o valor intangível das marcas. Isso, com certeza, dependerá da forma como a organização esteja preparada para lidar com cada situação.
Uma pesquisa da comScore Inc. (2012) revela a intenção nas redes do perfil do brasileiro, conforme apresentamos a seguir:
- 90,8% dos internautas brasileiros acessam as redes sociais e gastam em média 4,9 horas mensais nesses sites;
- 60% dos internautas brasileiros se inscreveram em alguma rede social nos últimos 3 meses;
- 58,7% dos acessos às redes sociais são de mulheres – destaque para o e-commerce. Seus hábitos de compras refletem que duas a cada três falam das marcas que adquirem nas redes sociais, sendo na maioria das vezes para reclamar. O engajamento no Facebook se deve por curtirem páginas institucionais e no Twitter seguem o perfil de alguma marca;
- 56% usam smartphones e celulares para acessar a internet – tomada pela maioria dos usuários móveis são da classe C.
No geral, destacam-se algumas considerações sobre esta pesquisa, como:
1. Com certeza o Facebook segue forte na liderança e deve continuar por um longo tempo no topo do ranking entre as redes sociais.
2. O Google+ atua com diversas estratégias para cadastrar novos usuários, mas retém, como principal benefício, a sua utilização na área do SEO;
3. As mulheres são a maioria na web e este engajamento vai ditar várias tendências na social media em curto/médio prazo – como já temos o exemplo da ascensão fantástica da rede Pinterest impulsionada pelas roupas e pelas aficionadas em moda.
4. É necessário intensificar os investimentos na área, pois o Brasil não atingiu metade do seu potencial na web, tornando uma oportunidade de crescimento interessante.
5. A facilidade de aquisição de dispositivos móveis, proporcionada principalmente pelas operadoras, faz com que o brasileiro utilize em larga escala os aplicativos para acessar a internet e as redes sociais.
A análise desses dados e fatos nos remete à reflexão sobre uma nova perspectiva de comportamento de perfil do brasileiro. Hoje, levando em consideração a maioria de adeptos às redes sociais, que são os pertencentes à geração Y (nascidos na década de 90), observamos o aumento do consumo das formas de conectividade:
1) Smartphones – são utilizados por estes adeptos às novas tecnologias não somente por permanecerem conectados full time, mas também são atraídos pelos games, surgindo uma nova onda de consumo virtual.
2) Gamefication – proporciona aos internautas que joguem com seus adversários em tempo real em qualquer lugar do mundo, gerando mais emoção.
3) Cloundhunthers – empresas “antenadas” a essa tendência virtual e oferecem, nesses games, espaços publicitários para as empresas divulgarem suas marcas, passando uma mensagem subliminar para o jogador.
Referências bibliográficas:
QUALMAN, Erik. Socialnomics. How social media transformes the way live and do business – www.socialnomics.com. Acessado em 11 de julho de 2014
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. v. 1.
BOYD, D. M., & ELLISON, N. B. (2007). Social network sites: Definition, history, and scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication, 13(1), article 11. https://jcmc.indiana.edu/vol13/issue1/boyd.ellison.html